Distância de Segurança
Instalação-performance + espetáculo de teatro
Junho 2023, Circolando - Central Elétrica, Crl, Porto
“(...) How deep does deep ecology want to go? In a truly deep green world, the idea of Nature will have disappeared in a puff of smoke, as nonhuman beings swim into view. Then comes the next step. We must deal with the idea of distance itself. If we try to get rid of distance too fast, in our rush to join the nonhuman, we will end up caught in our own prejudice, our concept of distance, our concept of !them”. Hanging out in the distance may be the surest way of relating to the nonhumans.” - Timothy Morton, Ecology without Nature
Instalação
Distância de segurança explora a ideia de safe room ou panic room, designadamente uma sala tipicamente instalada para providenciar um abrigo seguro para os seus habitantes em caso de invasão, tornado, ataque terrorista ou outro qualquer tipo de ameaça. Nesta sala particular, joga- se o conceito de distância e de segurança, conceitos que passaram a fazer parte do nosso léxico comum e que trazem a debate as formas como o ‘outro’ é constituído, questionando as estreitas relações de poder que se estabelecem no espaço [entre], quer [entre] humanos ou não humanos.
“(...) We must deal with the idea of distance itself. If we try to get rid of distance too fast, in our rush to join the nonhuman, we will end up caught in our own prejudice, our concept of distance, our concept of “them”. “ - Timothy Morton, Ecology without Nature.
Esta sala propõe conviver, de forma segura, com um dos “outros” mais temido - o escuro, aka negro, aka matéria negra, aka águas profundas, aka morte. Baseado nas teorias de Timothy Morton sobre dark ecology e prismatic ecology e no seu mais recente livro Spacecraft, Distância de segurança mete-nos dentro da MESH, i.e., em relação direta com as realidades não-humanas, seres abissais que habitam o escuro, para dialogar sensualmente com ele. A instalação propõe aos visitantes, munidos de headphones, uma imersão espacial e sonora no escuro e uma experiência sensual com esta matéria viva. O escuro como objeto mas também como moldura, como símbolo e ontologia. Como imperativo para ver e ouvir melhor.
EspetáculoA pandemia veio acelerar uma série de epifenómenos, entre eles a já chamada “primeira catástrofe mundial da era digital” - o desnortear do próximo e do distante (Cachopo,2020). Evidenciou algumas distâncias/ assimetrias. Veio criar outras. A prova física de confinamento foi tão ou mais sentida pelo corpo como pela psyche. Ao mesmo tempo que lidámos com a diminuição da profundidade de campo, falhou-nos o horizonte, problema não só de percepção mas de falta de imaginação. A “remediação digital”, a “segurança” e os perigos que comportaram as atividades humanas modernas com a criação de novos monstros - maravilhas da simbiose mas terríficas ameaças da disfunção climática - como os define Anna Tsing foram questões que nos rasgaram e que trouxeram o conceito de distância para um ponto paradoxal que evidencia os dois sentidos do entanglement: vida e perigo, aproximação e distância.
“(...) How deep does deep ecology want to go? In a truly deep green world, the idea of Nature will have disappeared in a puff of smoke, as nonhuman beings swim into view. Then comes the next step. We must deal with the idea of distance itself. If we try to get rid of distance too fast, in our rush to join the nonhuman, we will end up caught in our own prejudice, our concept of distance, our concept of !them”. Hanging out in the distance may be the surest way of relating to the nonhumans.” - Timothy Morton, Ecology without Nature
DISTÂNCIA DE SEGURANÇA é um monólogo em seis atos para uma taxidermista no interior de uma baleia. A narrativa desenvolve-se a partir do gesto da personagem principal, que, no decorrer do espetáculo, vai calibrando as medidas de distância e de segurança, adaptando-as a contextos em que a oscilação entre próximo e distante são barómetro de sobrevivência e de exercício de poder.
Contextos que geram os seguintes capitulos estruturadores do discurso:
1) Mapas;
2) Sobrevivencialismo;
3) Caça e Domesticação;
4) Colonização;
5) Individuação;
6) Ecologia.
Criação
Joana Magalhães
Cenografia
Catarina Barros
Composição musical e desenho de som
Henrique Apolinário
Apoio ao Som
Rodrigo Malvar
Desenho de luz
Cárin Geada
Montagem e Operação de Luz
Daniel Vasques
Design gráfico
Gil Mac
Direção de Produção
Ana Lopes
Projeto financiado pela República Portuguesa – Cultura | DGArtes – Direção Geral das Artes e Bolsa Self-Mistake
Projeto apoiado pela CRL - Central Elétrica e Plataforma UMA